É consenso entre os especialistas que os primeiros anos de vida são  fundamentais na formação de cada indivíduo, mas apesar da  importância  que eles têm, não é possível lembrar do que vivemos antes  de completar  30 meses, ou dois anos e meio de idade. Ainda que as  experiências  vividas na primeira infância possam resultar em traumas ou  em  associações afetivas que duram pelo resto da vida, ninguém é capaz  de  identificar lembranças de quando era bebê.
De acordo com André Frazão, coordenador do laboratório de  cognição do  Instituto de Biociências da USP, existem diversas causas  para o  esquecimento dos primeiros anos. O fenômeno chamado de amnésia  infantil  se deve, principalmente, às constantes mudanças estruturais  que ocorrem  no cérebro das crianças. Nos primeiros anos de vida, o  sistema nervoso  central ainda não está totalmente desenvolvido.  “Nascemos com um  encéfalo que tem cerca da metade do tamanho que terá  no adulto, isso  significa que a estrutura vai mudar, vão aparecer novas  células e novas  conexões neuronais”, diz Frazão.
Mas o encéfalo ainda pouco desenvolvido não significa que os   conhecimentos a respeito do mundo não sejam registrados, apenas que eles   são arquivados de outra forma, em outro contexto e com outras   referências, transformando-se em uma informação que não podemos mais   acessar quando adquirimos a linguagem e interpretamos o mundo com outros   métodos. Mas as memórias dos primeiros meses continuam nos   influenciando inconscientemente na vida adulta. “Por exemplo, o dia que a   sua mãe lhe deu um cachorro com um ano de idade e você amou: aquele   evento você não consegue identificar, mas as consequências afetivas de   criar um vínculo com o cachorro são importantes nos próximos vínculos   que você cria na vida”, explica o especialista.
Frazão ainda ressalta que a amnésia infantil se refere à  memória  declarativa, a memória que utilizamos para relatar eventos ou  para  “reviver” situações. Mas aprendizados como andar e falar são outro  tipo  de memória, que não se perde com a idade.  E mesmo eventos não   identificáveis pontualmente transformam a criança,  já que “a construção  da vida é uma linha”, na qual os primeiros  acontecimentos têm relação  com os posteriores, diz o pesquisador.
fonte: Vocêsabia.com 
 

 
